Moura Santos

Como Cobrar Alguém e Como o Judiciário Pode Ajudar

Cobrar alguém pode ser uma tarefa desconfortável, mas é crucial abordar a situação com sensibilidade e respeito mútuo. Afinal, a transparência nas relações financeiras é fundamental para preservar amizades e evitar mal-entendidos. Neste texto, exploraremos estratégias para lidar com essa situação delicada de maneira eficaz.

Dando um spoiler, caso a cobrança diplomática não funcione, o judiciário pode vir a ser muito efetivo, desde que os pedidos certos sejam realizados.

  1. Escolha o Momento Adequado:
  • A timing é crucial ao abordar a cobrança. Certifique-se de escolher um momento apropriado, onde a pessoa esteja disponível para uma conversa sem distrações ou pressões externas.
  1. Seja Direto, Mas Diplomático:
  • Ao iniciar a conversa, seja claro e direto sobre a natureza da cobrança. No entanto, evite adotar uma postura agressiva. A diplomacia é essencial para garantir que a comunicação seja eficaz sem gerar hostilidade.
  1. Apresente Evidências Documentadas:
  • Se a cobrança estiver relacionada a um empréstimo ou transação específica, forneça evidências documentadas. Isso não apenas esclarece a situação, mas também demonstra uma abordagem transparente e profissional.
  1. Ofereça Soluções:
  • Ao invés de apenas apontar o problema, proponha soluções ou planos de pagamento. Mostrar disposição para trabalhar em conjunto na resolução do problema cria um ambiente colaborativo.

Caso os passos acimas citadas restem infrutíferos, o próximo passo é acionar o Judiciário, o qual pode ser bem efetivo para o recebimento dos valores.

  1. Explorando o Recurso Judicial e Suas Ramificações:

Em alguns casos, mesmo após tentativas diplomáticas de cobrança, pode ser necessário recorrer ao judiciário para buscar uma resolução formal da situação. Ao ingressar com um processo judicial, há benefícios específicos que podem agilizar o recebimento dos valores devidos.

  1. Contrato Assinado e Comprovante de Dívida:
  • Se houver um contrato assinado entre as partes ou qualquer comprovante que ateste a existência da dívida, ao acionar o judiciário, o devedor pode ser compelido a efetuar o pagamento do valor estipulado no contrato em até 3 dias.
  • Não havendo a existência de um contrato que comprove a existência da dívida, será necessário ingressar com uma ação de conhecimento (ação de cobrança), onde o juiz verificará se a dívida existe e, caso haja sentença reconhecendo a dívida e ordenando que a pague, o devedor será coibido a pagar.
  1. Início da Incidência de Juros:
  • A partir do momento em que o judiciário notifica o devedor, inicia-se a contagem de juros de 1% ao mês sobre o valor da dívida. Essa medida visa compensar o atraso no pagamento e incentivar uma resolução ágil.
  1. Diligências e Penhoras:
  • Com o suporte judicial, é possível realizar diligências para localizar recursos financeiros do devedor. Pesquisas junto a instituições financeiras, penhora de saldos em contas bancárias, e até mesmo bloqueio de valores relacionados a ações judiciais ganhas pelo devedor são medidas eficazes.
  1. Múltiplas Opções para Recuperação:
  • Além disso, é possível explorar diversas opções para garantir o cumprimento da obrigação. Desde a penhora de bens como veículos e imóveis até o bloqueio de valores em plataformas digitais como Uber e iFood, todas essas estratégias podem ser empregadas para assegurar o recebimento do crédito.
  1. Multa e Juros como Ferramentas de Pressão:
  • Caso o devedor não possua bens passíveis de penhora, durante o desenrolar do processo, a aplicação de multas, como previsto no artigo 774 do CPC, pode ser uma ferramenta útil. Essas multas, somadas aos juros de 1% ao mês, aumentam o montante da dívida, pressionando o devedor a quitar a obrigação.
  1. Impacto Financeiro a Longo Prazo:
  • Para ilustrar o impacto financeiro, considere uma dívida de R$ 10.000,00, onde, ao longo de 10 anos, com correção monetária, juros de 1% ao mês e a aplicação de multa, a dívida pode chegar a R$ 49.079,80. Essa cifra ressalta a importância de cumprir as obrigações financeiras de maneira oportuna.

 

  1. Penhora em Caso de Recebimento ou Herança:
  • Adicionalmente, caso o devedor venha a ganhar uma ação ou herdar valores, é possível pleitear a penhora desses montantes para satisfazer a dívida, demonstrando a abrangência das medidas judiciais.

Ao considerar o recurso ao judiciário, é essencial ponderar sobre a necessidade de buscar uma resolução justa e eficiente para ambas as partes envolvidas. O uso adequado dessas ferramentas pode não apenas garantir a recuperação do crédito, mas também promover a justiça financeira e a responsabilidade nas transações.

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